Crítica: As Telefonistas (5ª Temporada – Parte 1)

É 1939 e a Espanha sofre com as consequências de anos de Guerra Civil. Sofía (Denisse Peña), filha da falecida Ángeles (Maggie Civantos), deixa Nova York, onde vivia com Lídia (Blanca Suárez), Eva e Francisco (Yon González), e retorna ao seu país de origem para se unir aos espanhóis que lutam contra a tentativa de golpe dos nacionalistas. 

Imagem: divulgação

Preocupada com a decisão da jovem, Lídia também volta à Espanha. Assim, ambientada numa Madrid destroçada pela guerra, a primeira parte da última temporada de As Telefonistas provoca o reencontro do grupo de amigas protagonistas – separadas por uma passagem temporal de 7 anos, desde o final da 4ª temporada. 

Lançados pela Netflix no último dia 14, os novos cinco episódios da original espanhola com ares de folhetim colocam Lídia, Marga (Nadia de Santiago), Carlota (Ana Fernández) e Oscar (Ana Polvorosa) novamente frente a frente com questões que os acompanham desde o início da série – agora rumo a resoluções.

Como na temporada anterior, porém, a produção peca ao reproduzir enredos que já renderam tudo o que tinham para oferecer. Carlota, por exemplo, aparece apagada e mais reativa do que combativa; Oscar segue condenado a vivenciar sempre o mesmo arco de sofrimento sobre ser um homem transexual; Lídia até consegue escapar de seu triângulo amoroso, mas volta a encarnar a mãe desesperada e disposta a tudo para reencontrar a filha; e Marga continua sendo a única que demonstra passar por novos processos de amadurecimento.

Então, com exceção da introdução da personagem de Peña  no contexto de guerra, muito do que As Telefonistas desenvolve nesta temporada inevitavelmente soa repetitivo e limitado. 

A GUERRA CIVIL ESPANHOLA

O final da 4ª temporada havia deixado expectativas sobre como a série abordaria a separação das protagonistas e se a Guerra Civil seria retratada a partir da perspectiva das mulheres. Bem, a julgar pelos resultados recém lançados, tais expectativas foram frustradas. Primeiro, porque não tivemos oportunidade de ver nada da vida das telefonistas no período que passaram distantes umas das outras. Aliás, sequer tivemos material para logo de início tomarmos como crível a força do afeto construído entre Lídia e Sofía.  

Sofía (Denisse Peña), agora adolescente, de volta à Espanha/ Divulgação

Depois, porque a Guerra Civil serve mais como marcador temporal do que qualquer outra coisa. O roteiro chega a desenvolver um discurso sobre polarização ideológica e escalada do ódio; passando por questões como a destruição física da cidade, escassez de comida e constante sensação de vulnerabilidade da população, por conta dos bombardeios. No entanto,  perde-se a oportunidade de usar Sofia como pretexto para tratar das organizações políticas de mulheres feministas que formaram movimentos de luta contra o avanço das forças franquistas; algo que faria jus ao que a série prometia ser em suas primeiras temporadas. Em vez disso, coube à nova personagem servir como motivação para a movimentação de Lídia e acabar envolvida em um romance água com açúcar. 

Passando pelas questões históricas de forma superficial, portanto,  e como sempre dando prioridade aos conflitos individuais das protagonistas, a primeira parte da temporada final  se esforça na ambientação, deixando a desejar no conteúdo e no desenvolvimento de personagens. 

PERTO DO FIM

Em contrapartida, e embora seja frustrante acompanhar uma série com tanto potencial desenrolar-se de forma tão limitada, é importante lembrar que a produção sempre bancou seu título de novelão. Nesse aspecto As Telefonistas não decepciona, e o entretenimento é garantido.

Logo, por apego aos personagens e a tudo que a obra representa (sendo uma das primeiras originais Netflix a levantar a bandeira do protagonismo feminino), o interesse por saber o que acontece no final segue vivo. Além disso, para bem ou para mal, as escolhas dramáticas do enredo ainda são capazes de bagunçar os ânimos do espectador – vide o desfecho polêmico de Carlos (Martiño Rivas).

Perto do fim, fica a certeza de que novas reviravoltas mirabolantes nos conduzirão a um encerramento obrigatoriamente emotivo; digno de novelas clássicas e – tomara – digno do público conquistado desde 2017. 

Leia também: As Telefonistas, o final
Trailer:
(Fonte: Netflix Brasil/ YouTube)

Ficha técnica – 5ª temporada

Criação: Gema R. Neira, Ramón Campos, Teresa Fernández-Valdés

País: Espanha

Ano: 2020

Elenco: Blanca Suárez, Yon González, Nadia de Santiago, Ana Fernández, Ana Polvorosa, Denisse Peña, Martiño Rivas

Gênero: Drama

Distribuição: Netflix

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