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Steampunk: um subgênero que merece mais atenção
O steampunk é um subgênero de ficção científica, que ambienta alguns romances literários e obras audiovisuais. “Steam” é uma palavra em inglês que, traduzida para a nossa língua, significa “vapor”. Já punk; referente ao movimento social de contra-cultura da segunda metade do século XX; pode ser associado a outro subgênero: o cyberpunk.
Este último, normalmente, caracteriza histórias ambientadas em realidades distópicas e futuristas, nas quais uma tecnologia extremamente avançada – e, por ora, fictícia – é inerente ao modo de vida de suas populações. Pela lógica, o steampunk é, nada menos do que, uma realidade na qual a tecnologia a vapor impera vigorosamente. Na verdade, somam-se a isso épocas passadas e um progresso científico surreal.
ORIGEM
Ou seja, dentro do subgênero em questão, os personagens vivem em séculos passados da Idade Contemporânea – principalmente na era vitoriana –, mas em espaços onde os paradigmas tecnológicos dos últimos quarenta ou cinquenta anos ocorreram previamente na História (fictícia). O primeiro autor, de que se tem notícia, a ter escrito obras de steampunk é o célebre Júlio Verne (com Vinte Mil Léguas Submarinas, Viagem ao Centro da Terra e A Volta ao Mundo em Oitenta Dias). Mas, pudemos identificar estes romances como pertencentes ao subgênero somente recentemente.
Um outro livro que, este sim, é considerado o primeiro divulgador do steampunk é A Máquina Diferencial, de William Gibson e Bruce Sterling, publicado em 1990. Nas últimas três décadas, com a produção de audiovisuais intensificada significativamente, o subgênero apareceu com maior frequência nos cinemas.
Você já deve ter visto, pelo menos, um filme dentro do estilo steampunk; com máquinas feitas com materiais rudimentares, mas com alta capacidade tecnológica; personagens com vestimentas do século XIX, e com acessórios atuais, como tênis ou costuras que lembram nossas roupas contemporâneas; transportes historicamente descontextualizados; e demais referências a épocas futuras, “embaralhadas” na linha do tempo.
HUGO E DESVENTURAS
Um ótimo exemplo de longa-metragem steampunk é
A Invenção de Hugo Cabret
Crítica: ‘Mudo’, um filme original Netflix
Na última sexta (23), estreou na Netflix mais um filme original: Mudo. O longa-metragem conta a história de um homem que perdeu a voz em um acidente durante a infância e, já adulto, busca encontrar sua namorada, que desapareceu misteriosamente.
Não bastasse a sinopse repetitiva em uma produção norte-americana (paradeiro de um ente querido do personagem principal), a ambientação cyberpunk mais uma vez dá as caras em um original Netflix e, ainda mais – ou ainda pior –, não apresenta qualquer relevância para a história. Alexander Skarsgård cumpre bem seu papel como o protagonista Leo, assim como Paul Rudd entrega um trabalho competente como o vilão Cactus; um médico suspeito pelo desaparecimento da namorada de Leo, Naadirah (Seyneb Saleh). Ainda assim, o elenco do filme parece ser seu único ponto positivo.
O roteiro de Mudo contém tantas falhas que chega a ser incompreensível que uma empresa do tamanho da Netflix tenha aceitado bancá-lo. O excesso de elementos postos em tela – o acidente que culminou na mudez de Leo, o desaparecimento de Naadirah, o negócio de prostituição, o futuro distópico, a fusão cultural em Berlim, a patologia do parceiro de Cactus (Duck, interpretado por Justin Theroux)… – atrapalha completamente a fluidez da narração. Não há razão alguma para um enredo que fala sobre relações afetivas e desaparecimento, sem que contenha qualquer interferência tecnológica expressiva para seu andamento, ter como cenário a capital alemã de um futuro cyberpunk.
Assistir à Mudo é como assistir a um episódio extra e piorado de Altered Carbon – série que estreou no começo deste mês –, ou seja, à mais uma produção inspirada no universo de Blade Runner, ou a algo semelhante à Onde Está Segunda? – outra recente produção Netflix que aborda o sumiço de uma pessoa e é ambientada em uma distopia futurista. A plataforma de streaming tem investido em conteúdo monotemático nos últimos tempos. Talvez, isso seja um reflexo da demanda calculada através dos algoritmos do sistema, mas, o fato é que a qualidade, especialmente, dos longas Netflix tem apresentado expressiva queda.
Não há nada de especial na estética de Mudo. A direção de Duncan Jones não aparenta consistência e o péssimo roteiro defasa qualquer possibilidade de sucesso do filme. Nos primeiros vinte minutos somos levados a questionar a relevância do ambiente no desenrolar dos eventos, ou como a condição de Leo o impediria de encontrar Naadirah, mas, no final, nada disso importa. A impressão que fica é a de que os roteiristas (dos quais o próprio Jones faz parte)
“jogaram” características geralmente interessantes para enriquecer uma história batida
[Crítica] Altered Carbon: a nova série cyberpunk da Netflix
Na última sexta (02), estreou no catálogo da Netflix a série cyberpunk do momento, Altered Carbon – inspirada no livro lançado em 2002, Carbono Alterado, de Richard K. Morgan. Ambientada em uma sociedade futurista, altamente tecnológica e distópica, a trama conta a história de Takeshi Kovacs (Joel Kinnaman), um ex-rebelde que, após passar 250 anos inconsciente, desperta em um novo corpo; ou melhor, em uma nova capa (como é chamada na série).
Contratado pelo magnata Laurens Bancroft (James Purefoy), Kovacs é “ressuscitado” para ajudá-lo a descobrir quem o matou. A partir daí, o destino do ex-Emissário (termo usado para identificar a posição política e filosófica de um antigo grupo rebelde, do qual o protagonista fizera parte) cruza inúmeras vezes com o da enigmática policial Kristin Ortega (Martha Higareda) e, assim, os demais eventos se desenrolam.
No universo da história, a morte integral de um ser humano – ou seja, aquela que determine a não-existência não somente de uma capa, mas sim da consciência de um indivíduo – só é possível a partir da destruição dos denominados cartuchos: aparelhos eletrônicos instalados no organismo de todas as pessoas, desde seus nascimentos, a fim de gravar as suas experiências e ser passível da realização de backups. Sendo assim, qualquer capa danificada poderá ser substituída por outra que estiver disponível e, nessa sociedade, quanto mais pobre alguém for, menos liberdade para escolher um novo corpo essa pessoa terá.
É simplesmente impossível não lembrar de Blade Runner (1982), assistindo à série. Os cenários externos, produzidos por técnicas de CGI, parecem ter saído diretamente de um spin-off do filme de Ridley Scott. Inicialmente, a original Netflix revela-se uma
homenagem a produções como, além do próprio Blade Runner, o anime japonês Ghost in the Shell