Crítica: Love – 3ª temporada

Love, série original Netflix protagonizada por Gillian Jacobs e Paul Rust, retornou para sua última temporada  no começo de março e trouxe o casal principal, Mickey e Gus, ainda tentando superar as diferenças um do outro para engatar um relacionamento mais sério.

Durante toda a segunda temporada, a dupla precisou adaptar seu romance de poucos meses à distância e aos vícios e inseguranças pessoais, mas a insistência na incompatibilidade dos dois comprometeu o ritmo da série,  assim como os episódios frequentes onde o casal brigava ou por culpa de Mickey, ou por culpa de Gus.

Mickey e Gus / Divulgação

A personalidade impulsiva da personagem de Jacobs e o machismo e egocentrismo do personagem de Rust, permearam as duas primeiras temporadas de Love, deixando o público sem perspectiva de mudanças efetivas no tom da série – que aborda um relacionamento tão conturbado que, por vezes, chega a ser até mesmo abusivo.

No entanto, os novos episódios da produção estrearam com gratas surpresas. A temporada começa com os protagonistas vivendo um relacionamento um pouco mais saudável, e, apesar de os conflitos entre suas personalidades logo surgirem, a dinâmica entre eles parece se desenvolver com maior naturalidade. Além disso, o fato de  Mickey finalmente não ter grandes problemas na vida, é um passo e tanto. Já a discussão sobre Gus se sentir inferior e seguir fingindo que tudo está bem quando nenhum de seus planos dá certo é válida.

Mesmo assim, o ponto alto dessa temporada é o espaço que foi dado aos personagens secundários. Antes aparecendo quase que como figurantes, os amigos do casal principal não possuíam lá grandes funções na narrativa. Dessa vez, entretanto, eles ganharam arcos muito próprios, e um dos melhores episódios acaba sendo o do aniversário da Bertie (Claudia O’Doherty). Uma personagem que, evidentemente, tinha muito a oferecer mas nunca haviam lhe dado oportunidade. Nesse episódio, inclusive, Gus sequer aparece, e não faz falta alguma.

Bertie (Claudia O’Doherty) comemorando seu aniversário / Divulgação

Abrir espaço para que novos personagens tenham seus conflitos explorados não só quebra um pouco do foco excessivo nos problemas dos protagonistas, como também refresca a fórmula e evita que ela se torne cansativa. Afinal, ninguém aguentaria mais temporadas de Gus sendo constantemente insuportável e temperamental e de Mickey se sentido frustrada. Já era hora desses personagens evoluírem e demonstrarem preocupações para além de sua vida amorosa.

O final da série, ainda que inesperado (e talvez surpreendente), parece ter ficado corrido e atropelado. Problemas que se arrastaram por meses vão se desenrolando um atrás do outro. Mesmo assim, a temporada é bastante superior à anterior e se encerra de maneira aceitável. Afinal, Gus e Mickey jamais terminariam sua jornada como uma casal “normal”.

 

Ficha técnica

Criação:  Paul Rust, Lesley Arfin, Judd Apatow

País: EUA

Ano: 2018

Elenco: Gillian Jacobs, Paul Rust, Claudia O’Doherty

Gênero: Comédia, Romance

Distribuição: Netflix

 

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