Crítica: Te Quiero, Imbécil (Netflix)

A produção de comédias românticas da Netflix segue a todo vapor. Dessa vez, a estreia do gênero é o longa espanhol Te Quiero, Imbécil, protagonizado por Quim Gutiérrez, da série O Vizinho. Na trama, o ator interpreta Marcos, sujeito que está passando pelo término de um longo relacionamento e por uma recente demissão.

‘Te quiero, imbécil’/ Divulgação

Aos 35 anos e no meio de uma maré de azar, o personagem decide se reinventar. A princípio, ele tenta seguir as orientações de um amigo macho alfa sobre como se portar em relação à arte da conquista.

Depois, Marcos passa a acreditar que para conquistar uma mulher do século XXI é preciso tornar-se um homem do século XXI. Buscando na internet, ele encontra uma espécie de coach youtuber, Sebastian Vennet (Ernesto Alterio), cheio de dicas furadas sobre mudanças de comportamento e transformações de visual que supostamente levam o homem contemporâneo a alcançar vida perfeita. 

ENTRE CLICHÊS E TROPEÇOS

Dirigido por Laura Mañá e escrito por Abraham Sastre e Iván Bouso, Te Quiero, Imbécil é bastante previsível. O filme tem como ponto central a completa falta de referencial de “masculinidade adequada” do protagonista – o que, por si só, poderia ser uma boa temática. O problema é que a temática não se basta, e o roteiro opta pela velha ladainha do cara imbecil que deposita em uma mulher bacana a motivação de sua redescoberta pessoal.

Imagem: divulgação

É bom que se diga que os clichês da fórmula não aborrecem; muito menos a constante quebra de quarta parede de Marcos, que sempre choraminga suas reflexões para o espectador. Não fosse por tropeços pontuais da trama, teríamos uma comédia romântica previsível, sim, mas bastante aceitável como passatempo.

O primeiro desses tropeços, e o que merece maior destaque, é a “piadinha” transfóbica injustificável que se faz no momento que Marcos começa a marcar encontros por aplicativos de relacionamento. Tal “piadinha” sequer colabora para evidenciar o combo de comportamentos equivocados do protagonista, estando ali somente por uma escolha absolutamente reprovável do roteiro.

Outro ponto criticável é o desenvolvimento de Raquel (Natalia Tena). Desprezada por Marcos no colégio, principalmente por não ter sido uma garota padrão, a moça agora descolada e com cabelos coloridos acaba servindo apenas como muleta narrativa para a transformação do protagonista em um tipo melhor.

Em resumo, Te Quiero, Imbécil sustenta algum charme no quesito direção e executa satisfatoriamente a cartilha das comédias românticas, mas derrapa na condução de desenvolvimento dos personagens e perde muitos pontos por escolhas desnecessariamente problemáticas. 

Ficha Técnica:

Direção: Laura Mañá

Duração: 1h27

País: Espanha

Ano: 2020

Elenco: Quim Gutiérrez, Natalia Tena, Alfonso Bassave, Ernesto Alterio, Alba Ribas

Gênero: Comédia romântica 

Distribuição: Netflix

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